quinta-feira, maio 24, 2012
A Estranha
Sabia de tudo e nada fazia. Era de uma esperteza inigualável – aprendera com os livros, os romances e a própria vida. Tinha uma timidez estranha, quase que impenetrável. As vezes sorria, era talvez como gargalhar; outras, continha-se – não queria amizade nem amor, precisava se distanciar.
Era bela, embora não tivesse curvas perfeitas. Tinha feições delicadas e mãos gentis. Era afável, o corpo e a mente. Branca, quase transparente. O corpo franzino era todo desenhado – reflexo do que escolhera como princípios. Não era moralista, mas possuía um ar conservador.
Tinha longos cabelos ondulados e uma mania incrível de esconder-se por trás deles. Não crescera muito, mas o suficiente para não precisar de salto. Era leve como a brisa e impetuosa como o mar. Era rebelde por justa causa, inalcançável por opção.
Conservara alguns amigos, desprezara muitos outros. A família era o seu oxigênio. E o amor...Dele restara pequenas doses de um veneno letal.
Não soubera amar, repudiava-se por isso. Agora fugia, corria pra qualquer lugar. Era sozinha e a solidão, inundava-lhe.
Não fumava, mas era adepta de um bom vinho. Estendida em um sofá, deixava-se embalar por coleções de discos de vinil. Tinha fotos na parede, algumas em preto e branco. Quarto não tinha, era tudo uma coisa só, como seu peito, entulhado de tanta dor.
Não telefonava, não sabia pra quem ligar. Não era boa em conversa fiada. Já sentimentalidades, escrevia como ninguém. Não acreditava em gente - entregara sua vida a um pedaço de papel. Conformara-se com isso.
Quisera voltar no tempo, mas não tivera oportunidade. Fazia planos, um atrás do outro. Traçá-los preenchia seus dias, amargos e piegas, como sempre.
Nunca fizera questão de que a compreendem-se, velho mantra. Sabia que era mentira. Sentia-se injustiçada pela riqueza com que captava os detalhes da vida e pela crueldade dos corações que a cercavam.
Chorava sozinha, envolta em si mesma. As lágrimas eram mornas, quase quentes e afogavam-lhe a alma – a tristeza escorria sob o céu nublado.
Queria da vida pequenas coisas, aquilo que julgava essencial – o amor que recusara e a felicidade que distanciara, cada vez que, presa em sua mórbida doutrina, abria mão dos seus sonhos mais profundos.
(BALBY, Dandara)
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- **Dandara Balby**
- Natal, RN, Brazil
- Leonina, segundo o zodíaco. Dona de uma personalidade forte e por vezes receosa. De um gênio incrível, gostam de dizer... Apaixonada por música, igualdade, livros e afins... Teimosa. Previsível e inquieta (MUITO). Da noite. Do dia. De casa. Da rua. Dos sentimentos. Das palavras. Das vírgulas e dos pontos continuando...
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