Meus soluços soavam como castigo, como dor por ter tido tanto tempo de fazer o que não fiz. O que deixei de fazer por vergonha, pela certeza de que muito embora conhecedora da existência da morte, ela nunca levaria um ente meu. Tola e ingênua! Quanta ignorância e falta de senso!
Será que o Sr. esteve ali comigo? Será que estava ao meu lado enquanto o meu coração pulsava forte de tanta saudade? Será que pôde ver o meu pranto lá de cima, lá do céu? Teve pena ou compaixão de mim?
Eu te escrevo na certeza de que se não puderes ler tudo isso aqui, sentirás em meu coração meu profundo arrependimento de ter tido tantas chances de te abraçar bem forte e te dar um beijo e eu deixei pra fazer isso quando o seu corpo já estava frio e já não reagia a mais nenhum estímulo. Eu beijei a sua testa, segurei firme a sua mão e pela primeira vez disse: EU TE AMO! Porque demorei tanto? Porque foi preciso o Sr. ir embora pra então eu ter coragem?
Eu sempre te amei e continuo amando porque sei que a sua essência continua aqui. Às vezes posso te sentir do meu lado e até ouvir o seu sorriso. Lembra daquela vez que a gente conversou? Todos aqueles conselhos se tornaram grandes metas na minha vida e mesmo com tudo que tem me acontecido, eu não desistirei. De alguma forma eu hei de honrar o seu nome e ser grata por tudo que o Sr. me fez.
Nos sonhos, neles eu posso acreditar que ta tudo bem. Me diga, são sinais? Porque escolhes a mim?
Eu sei que Deus tem um plano perfeito para cada um de nós e que todos temos a hora de chegar até Ele, a sua chegou quando eu ainda estava inundada de imaturidade. Perdoe-me por isso! Falhei inúmeras vezes. Fui rude e primitiva. E saiba que a cada gesto grotesco que eu lhe dava em poucos segundos eu queria correr e te abraçar, te pedir desculpas e dizer TE AMO. Mas eu não fui mulher pra isso. Desculpa a minha arrogância!
É tão simples e fácil dizer que se ama um amigo mas quando se trata de um parente parece que alguma coisa trava, não sei explicar. E mesmo sem saber como explicar, te peço perdão de todo o meu coração por todo carinho que eu deixei de te dar. Por todas as negativas de pedidos que me fizestes. Por não ter te dado “adeus”.
Me perdoa vovô, acredite, EU TE AMO!
(BALBY, Dandara) 22.03.08
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