Ensinem-me a perdoar

Dizem que eu preciso perdoar, perdoar, perdoar e perdoar pra que então todo esse sofrimento que com muita dificuldade eu tenho suportado, suma de vez, como se fosse um simples passe de mágica. E eu fico me questionando como fazer isso, de que forma. Será que eu terei que aceitar tudo que me foi feito? Aceitar as feridas que me foram abertas, as cicatrizes que até hoje condenam minha alma. Eu terei que esquecer de tudo? É isso? È assim que funcionam as coisas? O perdão vem do lógico esquecimento?

Não, pra mim não é assim e talvez nunca seja e então dessa forma eu sempre sofra. Mas eu só posso perdoar aquilo que já não me faz tão mal, não posso falar espontaneamente que vai ficar tudo bem e pronto, nesse momento tudo fica iluminado, como se uma fada tocasse a minha cabeça com uma varinha de condão. Porque é tão difícil algumas pessoas reconhecerem seus erros e voltar atrás? Tudo é válido enquanto você estiver vivo. Tempo, ele é o senhor de tudo. E quanto tempo mais eu terei que esperar? Eu sei meu Pai que o nosso relógio não marca a mesma hora e que tudo vem no tempo certo, que as nossas lágrimas de hoje serão a vitória de amanhã. Mas é que esperar dói. Amar dói. Sentir saudade dói. Guardar rancor também dói. O ciúme, a inveja, a fúria tudo, tudo dói... E mais ainda, nos deixa fracos, oprimidos e sentenciados numa cama, às vezes num quarto escuro. A gente pensa no futuro e não enxerga esperança porque o presente nos impede disso e o passado deixa a nossa visão cada vez mais turva. Queria pelo menos por um momento, por menor que seja, conseguir viver o hoje sem lembrar do quanto fui machucada, do quanto também magoei. Queria me fazer entender. Não sou a dona da verdade, mas posso afirmar que tudo que faço tenho em vista a melhora como um tudo, como uma forma de ajudar a mim e a quem está aos meu lado. O que eu recebo? Más interpretações. Eu sempre sou ruim. Sou sempre mandona e exigente demais. Não! Eu quero o melhor pra mim, pra você, pro mundo. Exijo respeito, humanidade, justiça e igualdade. È tão difícil assim se adequar a isso? Se for, então me ensinem a perdoar pra eu possa enfim esquecer que tentei ajudar aqueles que não quiseram enxergar ou simplesmente me viraram as costas...

(BALBY, Dandara) 04.04.08